sábado, janeiro 28, 2017

Manhãs

Esta manhã na mesa da cozinha viajei no tempo... algures num café com leite e uma simples sandes apareceste tu e os nossos pequenos almoços. Apareceram as amanhãs  de fim de semana cheias de preguiça, os risos e beijos, o teu sorriso e os meus olhos com todo o nosso mundo la dentro, os teus pés nos meus e a conversa banal de quem não se importava com o mundo la fora. Apareceu a rotina normal de uma qualquer manhã, em que o pequeno almoço era tomado em conjunto numa inigualável conexcao em que as palavras as vezes não precisavam existir, apenas os olhares e os sorrisos... Esta manhã entre um café que quase soube ao teu beijo, entre um silêncio sem sorriso ou qualquer olhar, entre uma simples sandes sem qualquer significado senti a minha falta contigo, senti a tua falta comigo e nesta quase liberdade é quase assustador que seja para sempre assim. E eu que quis acreditar que nada disso me fazia falta, que era so o costum
E ja no fim do café com leite abano a cabeça e entre um suspiro falei comigo mesma dizendo que "estas coisas so mesmo com o tempo se podem esquecer...".

domingo, janeiro 15, 2017

Projeto 25

"O fim aproxima-se a passos largos. E és tu a puxá-lo para nós. Não notas, mas és. Sinto-o porque não te esforças para me fazer feliz, para me mostrares o mundo, para me dares a conhecer o novo. Não procuras mais do que aquilo em nos tornámos. Sinto-o porque o meu sorriso já não te contagia e porque ver-me chorar é agora aceitável. Já não te impacta, já não te dói cada lágrima que deixo fugir. Sinto-o porque me gritas por muito pouco e usas a tua força para me assustar demasiadas vezes. Vestes personagens que identifico nos meus maiores pesadelos. Sinto-o porque não demonstras entusiasmo, porque as horas passam sem uma chamada e porque as noites repetem a eterna monotonia. És carnal e nada mais. Sinto-o porque já não demonstras a paixão louca que trazias contigo, nem as borboletas que se espalhavam em ti. Já não te tiro o sono. Sinto-o porque me escondes verdades e me contas mentiras, porque me enumeras consecutivamente os defeitos que me caracterizam. Sou eu que digo que te amo, que repito que te quero e que te peço para vires. Sinto-o quando o momento da despedida já não dura eternidades. Sinto-o quando te vais embora e não te custa. Sinto-o na tua voz, na tua ausência e na forma particular de me amares diariamente.

O nosso fim aproxima-se a passos largos. E és tu a puxá-lo. Não notas, mas és. Antes eras uma criança apaixonada, hoje és um adulto habituado.
Estou perdida.

Inês"