sexta-feira, abril 07, 2023

Cadeira de baloiço

 Hoje pela primeira vez senti uma inveja enorme de não ser eu. Hoje talvez tenha sentido pela primeira vez o peso de te ter perdido para o medo. De te ter perdido para outra felicidade que não a nossa. 

Desta vez já não acredito na verdade que me moldou  metade da vida, já não acredito nela na mesma dimensão, pautada pelo propósito da criação das almas gémeas existirem. Mentiria se dissesse que não continuaria a acreditar que és o encaixe perfeito do meu coração. Aliás, temo que seja exatamente por isso que o medo e o destino de tenham encarregado de não nos juntar no famoso, para sempre. Talvez seja demasiada pretensão da minha pessoa, e um dia ainda te pergunto a tua opinião só para saber a tua resposta, mas acho que realmente sempre fomos (quase)perfeitos no que toca ao toque da alma e ao toque do corpo.  Somos nós. E seremos sempre nós. Apesar de de já não o sermos não é?


Ver-te nesse habitat que só idealizava, inevitavelmente fez-me questionar o quanto teríamos construído.. faz me vez que me perdi algures na força, confiança e segurança que todos os teus bons sentimos por mim sempre me deram, algo que nunca consegui com ninguém. 

Ainda não conseguia dizer que já não te amo. Amo-te da forma que me é possível agora, não com as mesmas intenções nem expectativas, mas amo-te, amo-te pelo que fomos e pelo que nunca fomos. Amo-te porque és o meu melhor amigo, porque contigo posso dizer as coisas mais loucas sem parecer louca. 


Talvez um dia neste mundo que é redondo nos voltemos a encontrar, sentados numa cadeira de baloiço por aí, em silêncio, apenas a recuperar todo o tempo que perdemos juntos, a sorrir com os olhos como fazíamos quando tínhamos 15 anos e já achávamos que éramos para sempre.

quarta-feira, dezembro 28, 2022

Quem me dera que me pudesses ouvir

O quente da água quase a queimar a pele, a dor que deixa de ser física e passa a ser cá dentro. Mais e mais. O cansaço de estar (semi)viva neste mundo estranho. O desejo de entender, de crescer, de sentir mais que isto. Sinto demasiado, quero demasiado, e isso é um problema. 

A dor mudou e eu (ainda) não aprendi a viver com esta, e há dores que já não fazem sentido depois de ti. O incógnito, o karma e o aprendizado, que supostamente tenho de aprender, esmagam me cada vez mais. Fazem doer cada vez mais. O sentimento de impotência, de desalento, de não ter colo onde chorar todo o mar que começa a transbordar. Temo um tsunami, mas sei que se tanto ainda não me fez quebrar, não será agora.

Mas esta dor é diferente, e eu (ainda) não sei viver com ela. Doem me os pés de tanto caminhar e não chegar a lado nenhum. Doem me os braços de continuamente acenar e ninguém me ver. A voz quase gasta e calada por falta de quem realmente ouça, transforma-se em linhas e parágrafos e frases e textos. Não existem alternativas democráticas e empáticas, sem ser assim. 

Cansada de ser eu, deste fardo tão pesado que é almejar a perfeição, da máquina em que me querem tornar quando sou somente alguém de carne e osso. Cansada do esforço do dia a dia, sabendo que provavelmente nem frutos nem reciprocidade futura. Sou demasiado pequena para tanto mundo, tanta mágoa, tanto descrer. Começo a questionar a minha sanidade mental, aquela que me fez permanecer aqui sem ter cometido crime algum, seja ele de que tipo for. Começo a questionar a necessidade de mim aqui, do agora, do depois e do antes. Para que? Porque? 

Sinto falta de algumas certezas. Sinto falta de saber que tenho em mim todos os sonhos do mundo... desfeita, refeita, partida, colada. São estas as fases, não podem ser outras, não me deixam ter outras. Não sei se é mais triste ser assim ou o contrário, e já nem as velhas técnicas de antigamente funcionam.. talvez porque no antigamente eu era outra e até tinha algumas certezas e os todos os sonhos do mundo. 

MPalma

2020

Fim de uma década

Estás bem? Bem sei que é retórica esta pergunta, porque acredito que o teu silêncio se manterá mesmo depois de leres todo este “testamento”. Contudo gostaria obviamente de saber de ti, de te olhar nos olhos, abraçar e sorrir, pelo carinho imenso que sempre sentirei por ti, e perceber se o brilho voltou. Talvez tenhas precisado de te afastar e cortar totalmente comigo para seguires a tua vida. Hoje sei que talvez tinha sido o melhor...


Está e a minha última carta de (des)amor para ti e escolhi envia-la neste dia por um motivo. Bem sabes que tenho memória de elefante, e há tantas coisas que gostava às vezes de ter esquecido... 7 de dezembro foi o início de tudo. será que ainda te lembras? Passaram 16 anos desde esse dia e do “queremos os dois a mesma coisa” que me enviaste por sms. Durante todo esse tempo eu amei-te. Eu prometi isso. Eu cumpri. Apesar da vida, a vida sempre foi maior que nos. Eu vi toda uma vida contigo desde esse dia. Imaginei e quase consegui tocar na nossa velhice juntos, tu de cadeiras de rodas e eu de bengala lembras-te? 

Durante todos estes anos, das idas e vindas, das tentativas falhadas de suprimir a tua ausência, dos medos de quando tudo parecia dar certo. Foste tu. Sempre tu que me mantiveste aqui, que me fizeste acreditar numa felicidade. Coloquei todo o poder de ser alguém nas tuas mãos. Eu permiti isso, e apesar de tudo saber que podia não ser naquele momento, mas que um dia haveria de existir contigo era consolo para tudo. Foste platônico e real. Foste puro e profano. Foste o verdadeiro significado das lendas de fios vermelhos invisíveis e almas gêmeas. Tudo concentrado em ti. Um antes e um depois. A minha vida acabou por se resumir a amar-te, ao antes e depois de ti. Bem sei... bem sei dos meus erros. E irei pagá-los todos, no hoje ou no amanhã. Contudo, convivo com eles todos os dias e só eu sei o quanto dói cá dentro determinadas decisões, e essa tal como as memórias de ti, carrego-as todos os dias. Tatuei na pele os mesmos, tal como te tatuei em mim. Fazem parte daquilo que sou e daquilo que um dia fomos, e apesar de tudo, tenho imenso orgulho no amor que um dia vivemos e tivemos. Vê-se pouco disso por aí hoje em dia não é? 

Contarei um dia aos meus filhos esta história para que acreditem no amor e se entreguem sem medos, assim como quem sabe, um dia contes ao teu que existiu uma louca que durante mais de uma década te escreveu cartas de amor. 


O universo sabe o que faz.. e nós apenas estávamos destinados a viver algo que teria um fim. 


O que me custa mais que ao fim inevitável da nossa história, é ter perdido o meu melhor amigo. Porque o foste. É ter perdido aquela pessoa que me conhece melhor que ninguém, que me lê melhor que ninguém e que me consegue fazer ver as coisas de um outro prisma. Aquele com quem a partilha é natural. Que passe o tempo que passar a conexão é eterna. Tenho pena disso. Tenho pena que tenhamos perdido essa parte de nós. Devo dizer-te que agradeço muito mais hoje do que o fiz em toda a minha vida. Que apesar da ansiedade vivo um dia de cada vez, sabendo que no final, algo bom poderá vir, pois acredito na lei do retorno, na lei da atração e na lei de que recebemos exatamente aquilo que damos. Libertei me não só de ti,  de mim também é do teu fantasma, da necessidade de controlar tudo o que não conhecia, porque a minha verdade se centrava em apenas uma pessoa: tu. Hoje consigo ver isso. Hoje consigo perceber que perdi demasiado tempo e energia acreditando e pedindo ao universo que te devolvesse a mim. Condicionei toda uma vida, magoei outras tantas pessoas pelo caminho, assim como te magoei a ti por puro medo, por puro medo de não te chegar e não te conseguir fazer feliz como merecias. 

Mas esse medo levou-te aí. Aí mesmo onde estás e com quem estás e ao que tens agora. E só espero que seja bom, e que o saibas aproveitar. 


Fiz-te o luto da maneira correta. Chorei, berrei, ouvi todas as músicas da “nossa” playlist, escrevi, fui ao fundo do poço, até ao dia em que aceitei. Aceitei que não estás aqui e que não vais voltar. Aceitei que perdi o meu amor próprio por o amor que te tinha. E percebi isso mesmo no último dia em que te vi pelo ridículo da situação. Aceitei que apenas me querias aqui para quando te sentisses perdido, pudesses ter onde voltar. Amei-me a mim mesma e aprendi e estar sozinha comigo antes de estar com alguém. Quantas vezes me disseste isso? Tinhas razão. Hoje sei isso, hoje percebo isso. Não procurei outros corpos para te esquecer, não acreditei nas coisas bonitas que me diziam. Afastei todos aqueles que de alguma forma me poderiam dar consolo emocional, para não voltar a entrar no ciclo vicioso que criei durante anos contigo. Simplesmente aceitei com resignação que tinha de ser assim por causa-efeito. Aceitei que vieste apenas para me ensinar a amar, para viver um amor e saber identificar o próximo. Exorcizei esta casa de ti, e todos os dias foi mais fácil não te ver na cozinha, não te ver no copo de vinho, não te ver aqui do lado esquerdo da cama e em tantos outros pormenores onde estavas diariamente. O caminho até ao Algarve já não me fazia recordar-te e aos poucos, de todas as vezes que lá fui já não me doía o coração ao saber que tantas vezes fiz aquele caminho só para estar contigo e te sentir. E um dia, pela primeira vez em 16 anos, não foste a primeira pessoa em quem pensei quando acordei. E nesse dia eu percebi que começava a deixar-te ir. Nesse dia eu percebi que finalmente te tinha arrumado naquela gaveta que é só tua. Tens um lugar muito especial. Sempre terás. Mas já não estás no pedestal que te criei, já não és o ser “divino” que acreditava seres. Já não és a base de comparação para tudo e nada. E aos poucos a vida fica mais leve com a partida dos nossos fantasmas, sorrimos mais, acreditamos mais, queremos mais. A cruz que carregava comigo e a culpa acabaram por desaparecer com a aceitação de que não era para ser.


Para além de te exorcizar, o meu lado espiritual mudou igualmente, comecei a estudar assuntos e questões que colocava a anos, aprendi uma nova forma de ver a vida e tudo se foi encaixando aos poucos. Enquanto seres humanos precisamos de acreditar em alguma coisa que nos salve de nós mesmos. E tudo é uma lição para a nossa evolução. 


Era tão bom quanto estranho, pois querendo ou não a dor de não te ter travou amizade comigo, e tal como tu, eu tinha sempre onde voltar quando algo corria mal: para a minha dor e para as memórias de ti, e algumas vezes a tua voz. Eu insistia em colocar o dedo nas minhas próprias feridas para as lamber de seguida, só porque não te queria deixar ir, não queria perder este sentimento porque me perderia também de mim. Porque era só isso que eu conhecia, até agora. Tu eras a minha única verdade absoluta. Mas não existem verdades absolutas, e tudo depende da forma como encaramos a vida e os acontecimentos dela. E para tudo existe um fim. 


Então acabou a nossa, tua era, acabou o fantasma, acabou o beija flor, acabou o caso indefinido.


E depois apareceu ele. Já te disse que o universo sabe o que faz? E ao início eu juro que as mãos dele me faziam lembrar as tuas e que de perfil me fazia lembrar de ti, e que aquela tendência de por a mão dele na minha perna, fosse onde fosse, era parecida com a tua. Tinha sido tanto tempo a procurar alguém que te substituísse que a realidade se confundia com a ilusão. E eu não quiz, tive medo. Demorei a perceber se realmente queria aquela pessoa pelos motivos certos ou se era apenas mais um substituto. E tudo em mim me dizia que não. Tudo em mim sentia que não. Não se entra duas vezes na mesma nuvem, e não se ama da mesma maneira outra pessoa. Mas tal como tu me ensinaste a amar, e a partir do momento em que me permiti a ser amada porque já me amava a mim, o universo sabe o que faz, e eu fui acreditando, e se sempre vi o fim com todos os outros, porque era só questão de tempo até tu apareceres e as pernas tremerem, ou ouvir a tua voz para ter a certeza que eras tu que eu queria, e magoei tanta gente neste caminho que fiz, porque eram apenas tentativas de te substituir, que não via o fim. E desta vez ou é de vez, ou fecho este coração porque já não tenho idade para criar mais ilusões. Mas agora é sem ti a assombrar esta casa e o meu coração. 


Nem tudo são rosas, há muitas cicatrizes e ninguém quer abrir nenhuma. A vida acaba por nós moldar e vamos sendo mais cuidadosos antes de nós entregarmos totalmente a alguém. Mas pela primeira vez em 16 anos, eu senti vontade de dizer amo-te a alguém no final de cada mensagem e essa pessoa pela primeira vez em muito tempo, não eras tu. E isso foi estranhamente bom. 

Espero que tenhas igualmente encontrado uma pessoa  a tua altura, que partilhe igualmente dos teus gostos e que consiga acompanhar os teus sonhos. Ainda os tens não tens? Esses olhos já conseguem sorrir e já te perdoaste a ti mesmo?


Continuou a achar que a felicidade é um estado de espírito e a verdade é que sempre tive mais a agradecer que a reclamar. O que estava fazendo comigo e com a minha vida é que me levava a achar que não, tudo porque tu não ficaste e eu não fui atrás. A verdade é que foi uma benção que me deram e nos deram, amar te da maneira como te amei, e acredito que um dia tu também o tenhas feito comigo. Sentir que mais que corpo éramos almas, e sei que serás sempre a minha alma gêmea, e era essa a nossa essência. Sempre me tocaste muito mais a alma que o corpo, apesar de toda eu te desejar, mas era essa conjugação que fazia de ti, aos meus olhos, um ser perfeito e divino. A conjugação da perfeição por conseguires juntar todos os prazeres em todos os sentidos. Mas não és. És de carne e osso e sangue. Como eu, como todos. Apenas por qualquer motivo a tua energia se fundia na minha e éramos nós. E juntos até éramos mais fortes não é?


Já me devo ter repetido um milhão de vezes por tudo o que já te disse antes. E adivinha? Parece que me curei de ti. Acredito que estejas contente. Acredito que no fundo fosse há muito tempo o que querias. Agora posso deixar-te em paz, finalmente não é?

Durante todo este ano muitas coisas que considerava nossas deixaram de existir, e isso era só mais um sinal do universo de que tinha chegado finalmente o fim.


No fundo eu só queria hoje, saber se estás bem, saber de ti, ficar feliz com as tuas conquistas, saber dos teus planos e ouvir a tua alegria. Compreendo que nos magoamos demais para podemos fazer isso hoje. Apesar de tudo, como já te disse, perdi o meu amor, mas nunca quis perder o meu melhor amigo. E se um dia quiseres, estarei aqui para festejar contigo as tuas vitórias ou dar-te o meu ombro para te lembrares do sabor do que um dia foi a tua casa. 


Gratidão por tudo o que foste. Não foram 16 anos perdidos. Foram 16 anos repletos de momentos fantásticos e memórias dignas de contos de fada onde um dia fomos os protagonistas. 


Tenhamos orgulho acima de tudo, no amor que nos uniu um dia. 


MPalma

7 dezembro 2019

Silêncios

Hoje poderia contar-te sobre como tudo parece começar a dar certo, no quanto sou grata por tudo o que as adversidades da vida me tem levado a mudar e a enxergar. Em como Deus e toda a sua história entrou na minha vida, e em como tudo está indo bem ao nível profissional e que encontrei a minha vocação neste mundo. Podia contar-te sobre as várias pessoas que têm interesse por mim e o quanto o demonstram e no tão que quero acreditar que alguma delas vai ficar e dar certo. Em como vivo um dia de cada vez com olhos no presente e não no futuro, e a ansiedade se tornou tão pequena comparada com o antes.


Mas hoje não era nada disso que me apetecia contar-te... hoje só me apetecia o silêncio do teu olhar e todo um mundo que um dia vi lá dentro... só queria desabar no teu colo, so queria conseguir chorar todas as lágrimas tristes que estão cá dentro. 


Contraditório não? Eu sei... mas era isto, tão somente isto que precisava. Tu, eu, uma garrafa de vinho e o silêncio de não serem precisas palavras. Permitir que o riso e o choro surgirem na mesma intensidade, porque sei que assim seria. 


Sei que Deus sabe o quanto tenho tentado seguir os caminhos certos, que os erros que cometi os cometi por medo e sem maldade, e isso deve valer alguma coisa para Ele. Que tudo em mim apenas queria ser feliz... e que o perdoar entrou na minha vida na medida certa para que consiga evoluir. Aprendi ás minhas custas que não devo fazer aos outros o que não queria que me fizessem a mim, mas também que todos têm telhados de vidro, e o primeiro que não tenha, que atire a primeira pedra. 


Hoje só queria existir um pouco perto de ti. Sem cobranças, sem passado, sem futuro. Só queria olhar-te nos olhos e saber que tudo ficará bem. 

24 de Agosto

Faz hoje seis anos em que o tempo andou para trás e me fez acreditar num futuro contigo. Seis anos... tantas certezas, tantas coisas congeladas no tempo e revividas neste dia. Tantas promessas. Tanta felicidade meu Deus... ainda sinto o teu abraço nesse dia, os teus olhos nos meus com todo o meu mundo lá dentro e o “não aguento mais” que levou ao sonho (mais uma vez) não concretizado.

Quanto tempo já passou, e só preciso fechar os olhos para (re)viver aquele dia. Querendo ou não, cada detalhe teu está gravado em mim, no íntimo do meu ser. E hoje continuou a fazer aquilo que melhor sei.. seguir em frente sem ti, fingir sem ti, viver sem ti, acreditar sem ti. E ainda ontem sonhei contigo na janela do meu quarto, como tantas vezes aconteceu na vida real... dói tanto não conseguir esquecer-te que já nem sei o que é melhor, ter-te vivido ou simplesmente nunca teres acontecido na minha vida.


Seis anos. tanto tempo e tanta coisa já passou, a vida voltou a acontecer e mostrou mais que nunca que é maior, e temo que desta vez para sempre.


MPalma

24 agosto 2019

Futuro?

Pensei muito sobre te escrever está  mensagem.. ouvi uma música e mas foi inevitável ouvi-la e não me lembrar de ti. Só quero que estejas bem e com foco em tudo o que querias alcançar, que continues no “plano” e que ele se realize, pois sei o tanto que o queres perto. 


Comecei a sair com uma pessoa... 


E tinha tanta coisa pra te contar meu amigo... e não não aches nem acredites em mais que isso. Fiz-te o luto e estou bem, e mesmo naqueles dias em que estou menos bem, apenas agradeço, espero que faças o mesmo, que agradeças todos os dias pelo que tens e pelo que diariamente conquistas. Não tenho esperanças que respondas de alguma forma, estou conformada e aceito o teu silêncio,o teu afastamento, as prioridades mudam. Acredito contudo que as coisas se transformam, acredito que a vida se encarrega disso e nós também, pela evolução, todos sofrem metamorfoses.


Estejas onde estiveres, com quem estiveres, quando quiseres e se algum dia quiseres estarei aqui.


MPalma

Agosto 2019

Fios e nós

Tens-me causado insónias novamente... tens! E eu que me julgava já quase curada desta loucura, dou por mim a amaldiçoar este fio invisível que me continua a ligar a ti. Foda-se! Foda-se teres aparecido assim na minha vida se seria impossível ficarmos juntos seja de que forma fosse. 

Porque sinto que algo está errado, porque querendo ou não tenho todos os motivos do mundo para acreditar que sei disso. E faço o que? E digo o que? E lido como? Foda-se! Quiseste quebrar todos os laços e fios e nós que nos uniam, mas deves ter-te esquecido de algum. Chego a tremer por dentro só de saber que te estás a fundar nas tuas próprias escolhas. não tivesse já eu sentido a mesma coisa vezes sem conta, e quase todas as vezes sobre nós. 

Meu Deus, é assim tão grande a culpa que carregas contido? É assim tão irremediável que não tenhas outras opções para além daquelas que estás a tomar? É assim tão grande a culpa, que decidas acreditar que podes ser outra pessoa e abandonar toda a tua história? Eu abdiquei de nós para seres tu agora a abdicar de ti próprio e do que és? Não era esse o plano... nunca foi. O plano era poderes ser feliz, poderes ter uma base estruturada para conseguires o que querias e quem querias perto de ti. 

Se eu não consigo fazer-te entender isto, que seja Deus, que seja o universo ou outra entidade qualquer que te guia, a fazer-te entender que só o amor pelos nosso, pelos que nos aceitam e pelos que damos a vida vale a pena. Afinal Deus não disse para nos amarmos uns aos outros? Ele não disse para nos castigarmos! Ele próprio vai tratar disso quando chegar a nossa vez! Devíamos ouvir mais a nossa intuição, a voz que vem cá de dentro e que nos diz o que deveríamos fazer, devíamos pensar pela nossa cabeça e não pela cabeça dos outros, devíamos manter a nossa essência e a nossa natureza, porque eu acredito, eu acredito mesmo que sabemos sempre o que é mais correto, mas é mais fácil, mete menos medo fazer e seguir determinados caminhos.

Dói tanto... dói tanto querer ligar o foda-se sobre ti e não conseguir simplesmente, e sem ter qualquer resposta lógica. 

Um dia, seja nesta ou noutra, haveremos de nos sentar a conversar sobre tudo isto, e talvez quem sabe, Deus nos volte a juntar neste mundo ou noutro, e consigamos um dia perceber qual o nosso destino e que raio de fio nos liga e como quebrar ou fortalecer o mesmo de vez. 


MPalma

2019

Como são ridículas as cartas de amor

Espero que um dia contes ao teu filho e aos teus netos que houve uma mulher que te escreveu cartas de amor por mais de uma década.


MPalma

2018

Singulares

Não, não mudei de ideias. Sei que foi o nosso fim, e contrariamente ao que aches, fomos ambos que o tornamos real, cada um à sua maneira.


Mas preciso escrever e preciso que vejas. Ou pelo menos, acreditar que verás, aqui, onde ninguém desconfia, onde sabes que sempre existiremos. Preciso desabar, desabafar, reclamar, questionar...


Quem diria que voltaríamos ao silêncio... aquele enorme silêncio que permitiu que a vida seguisse sem que seguíssemos os passos um do outro. Aquele que criou um abismo entre nós, mas que claramente bastou um olhar pra esquecer que todos aqueles anos passaram... mas desta vez é diferente. Sim. Eu sei. Eu aceitei isso. Só não consigo aceitar que tenhamos prometido que não voltaria a acontecer... e lá está outra vez o silêncio ensurdecedor da tua ausência. 


Onde estás? Estás bem? Quais sãos agora os planos? Estás feliz? Como está o trabalho? Como está o teu coração? Qual é a nova música que não te sai da cabeça? Viste as notícias? Andas a comer? Tens dormido? Conseguiste ver todas as séries que estavas a ver? Como estás? Estás feliz?


Eram estas e muitas mais, as perguntas às quais queria resposta. Só porque mesmo que não queira, mesmo que não deva, mesmo que tu não queiras, meu Deus, como me preocupo contigo e como desejo que estejas bem. E lamento se continuo a acreditar que existe um fio vermelho invisível que nos liga, e que os meus sonhos e a minha intuição me diga que não estás bem e que de um momento pro outro, voltes a minha memória pelas coisas mais insignificantes que possas pensar. Ainda hoje, a pouco, com o arroz. Não. Não quero resgatar passado nenhum. Quero resgatar o meu melhor amigo, aquele que sabe tudo e nada de mim, aquele que sabe que me pode contar os seus segredos, aquele que sabe que serei feliz apenas porque ele está feliz. Será tão difícil perceberes isso? Que sempre foste mais que o meu grande amor? E eu disse-te tantas vezes...


Já não me dói o nosso fim, querendo ou não, era inevitável, e talvez apenas não tivéssemos de ser felizes para sempre, mas sim eternos nas nossas memórias. O que me dói agora é não poder partilhar contigo as tristezas e as alegrias, e não poder ouvir a tua voz a dizer que estás bem ou a rir porque encontraste alguém. E não te ouvir a cantarolar aquela musica ou saber que tens conseguido tudo o que querias.


Ainda somos amigos ou e só algo da minha imaginação? Será que em algum momento do teu dia te lembras de como eu posso estar? Como conseguistes desligar os botões todos? Será que alguma vez foi real? Quase que consigo imaginar tu a dizeres: “olha o drama”... Talvez tenhas razão e isto é só estupido da minha parte. Ridículo até! Como seria possível depois de tanto tempo, tanta história, tanto amor e dor continuarmos amigos? Às vezes sinto que o mundo e demasiado grande para mim e que o único fio condutor entre a terra e eu eras tu, porque realmente foste a maior das minhas certezas e agora fazes parte de todas as minhas incertezas. Irónico. Ou não. Não sei.


Mais uma vez nem foste capaz de dizer que não queres ou não podes falar comigo... o vazio, o silêncio de ultimamente, a indefinição de sempre...




2019

MPalma

domingo, julho 28, 2019

Surdez


E é tão isto que sinto... que estás tão surdo nesse teu novo mundo em que nem há lugar para os velhos amigos. E é tão disto que tenho medo, que fiques surdo durante mais não sei quantos anos, e que desta vez tenha mesmo passado toda uma vida por nós. 
Que caminhos percorres agora? Que culpas carregas? Que coisas te enchem o coração? Que música não te sai da cabeça? Quais são os novos planos? É assim tão mais fácil apagar tudo e silenciar tudo? Esquecer que existiu um mundo lá fora? 
Sinto-te tão perdido que nem eu sei explicar... só sei que sei. E por muito que tente viver, que tente esquecer, há dias em que há um vazio cá dentro tão grande e só me surges tu. Tu que silenciaste toda a história que poderíamos escrever paralelamente, lembras-te? Já passou mais de uma década, e estou tão cansada de te ter por aqui, sem respostas ou pontos finais. Que raio de droga é está? Que loucura ainda não diagnosticada?
Seja lá o que for que estejas aí a fazer, não te percas, não te culpes, não te escondas, não duvides do quanto és, não acredites que não chegas, não deixes de acreditar, não afastes os que são verdadeiros, não menosprezes o que sentes no fundo de ti... és tão mais do que acreditas ser. 
Talvez tenha tido o privilégio, um dia, de conhecer o teu espírito, mais que ao teu corpo, talvez um dia nos tenhamos magoado mutuamente pela racionalidade que tanto nos exigem.. mas acredita. Acredita que te conheço por dentro e que talvez seja eu aquela que te aceita como és, sem julgamentos alguns e que está aqui, estará aqui, sempre e para sempre. Não fiques surdo, ouve o que no fundo sabes, não te transformes em mais uma ovelha do rebanho, mantém-te firme
Se voltares a ouvir... estarei aqui. 

sexta-feira, julho 12, 2019

Utópico

Há coisas que perderam o sabor desde que aceitei está nova realidade de que não és a minha metade. Há coisas que inevitavelmente mudaram e a maior fui eu. Eu que passei a ser gelo e a não acreditar em finais felizes, a desejá-los sim, mas a não acreditar e a desconfiar de tudo e de todos. 
Às vezes dou por mim a analisar pessoas, casais mais propriamente. Chega a este ponto a loucura que se instalou em mim. Hoje fui ao MacDonald’s, não que seja o lugar mais romântico do mundo, mas porque houve uma altura feliz da minha vida em que sentada sozinha a tua espera, era feliz só por saber que existiria o momento a seguir. Hoje dou por mim a analisar os olhares e a linguagem corporal dos casais... e só acho tudo tão vazio. Onde ficam os olhares? A admiração expressa na cara daquele que olha na sua simplicidade para quem lhe dá conforto e alegria? Devo ter vivido qualquer coisa utópica contigo, porque quase nunca consigo ver casais cúmplices um do outro apenas com olhares.. ou terei sido sempre eu a acreditar que tinha algo assim. A verdade é que hoje só vês pessoas a comerem, a observar igualmente os outros talvez perdidas nos seus pensamentos infelizes ou aspirações ainda não conquistadas. Pessoas que se perdem digitando num qualquer telemóvel, apenas as vezes pra evitar o desconforto do silêncio. Até isso eu acreditei que nunca tive contigo, sempre achei que mesmo em silêncio conseguíamos dizer tudo e nada e que muitas vezes era suficiente só olhar nos teus olhos onde um dia vi todo o meu mundo lá dentro.
A vontade de chorar voltou por estes dias, não sei porque, não sei como. Só sei que voltou. Só sei que me dói a alma e o coração, mesmo que digam que o coração não dói. Talvez esteja simplesmente cansada de estar sozinha, talvez seja a falta dos silêncios utópicos de antigamente, ou talvez seja só porque te continuo a fazer o luto....
Talvez um dia eu volte a acreditar que tudo o que vivemos foi bom, e que alguém conseguirá fazer diluir tudo isto da minha pele e da minha memória. Talvez de uma forma mais calma e madura eu consiga um dia voltar a acreditar no amor sem cobranças, nos silêncios perfeitos, no sabor do ketchup com molho de batatas e dos sundays de caramelo. Hoje só sei que me tornei gelo, desacreditada, e que talvez não tenha sorte nem ao jogo nem ao amor.

quinta-feira, junho 27, 2019

as tuas mãos

Do meio do nada as tuas mãos. E como sinto saudades das tuas mãos!
Se fechar os olhos consigo ainda sentir a tua mão na minha, da medida, do como encaixavam uma na outra, da tua mão na minha perna enquanto conduzia... coisas tão simples como a tua mão na minha perna enquanto conduzia... dizem que o amor está nos pequenos detalhes, talvez isto já ultrapasse o amor e seja somente loucura, mas sei todos os teus detalhes e de forma louca se fechar os olhos, cada detalhe do teu rosto, do teu corpo está gravado em mim. O teu perfil na penumbra do lado esquerdo da cama, os nós dos teus dedos, os sinais espalhados pelo teu corpo...
Nao te quero de volta, mas continuo tanto a sentir a tua falta... e tem doido um pouco mais estes dias. Sei lá porque, sei lá para que. Mas tem... tem havido um buraco aqui dentro e uma falta enorme de ti por aqui. Espero que estejas onde estiveres e que estejas com quem estiveres estejas pleno. Isso faz com que seja feliz. A tua felicidade deixa-me feliz apesar de não fazer parte dos teus planos. O amor e isso mesmo não é? Isso e os pequenos detalhes. Isso e a loucura disto tudo.
As tuas mãos. Como sinto saudades das tuas mãos. Em mim.


sábado, junho 22, 2019

Dia foda

Há dias foda e hoje foi um deles. Há aqueles dias que do nada ainda te fazem (re)aparecer por aqui, por ali, por todo o lado. 
Hoje doeu um pouco mais que muito. Hoje as memórias atormentaram o meu dia e já não sentia um vazio de ti tão grande há tanto tempo, que tive de me conter inúmeras vezes para não largar uma simples lágrima e criar um dilúvio. Isto é tão mau, e tão complexo que só queria conseguir ter um botão para te desligar daqui de dentro, como tu fizeste. Qual é a fórmula? Sinceramente chego a um ponto de desespero tão grande preferia nunca te ter sentido... 
Entre o quão ridículo é está história se prolongar no vazio e o desespero de já nem te querer sentir, existe qualquer coisa igualmente ridícula e invisível que te continua a fazer aparecer por aqui nas coisas mais simples do dia a dia e é imensamente castraste que continues aqui. Sinceramente eu só queria sentir indiferença por ti, apagar-te totalmente da minha memória, deixar de te ver nos detalhes mais simples, parar de questionar, deixar de me arrepender, parar de me culpar, parar de te dar valor, E S Q U E C E R!!! 
Não quero este não amor, este desamor, está coisa que me invade o coração e os sonhos, não quero que estejas mais aqui!! Quero sentir coisas reais, quero conseguir colocar outra pessoa no teu altar, quero criar novas memórias, mais duradouras e felizes que aquelas que tive contigo. Quero. Quero. Quero! 
Até tem corrido bem, mas há dias foda. Dias como estes em que me apareces no banho e se abre um buraco no meu peito e mesmo que feche os olhos e abane a cabeça tu continuas aqui... há dias foda!

terça-feira, abril 23, 2019

Oi. Xau. Tudo bem?

Não, não mudei de ideias. Sei que foi o nosso fim, e contrariamente ao que aches, fomos ambos que o tornamos real, cada um à sua maneira.

Mas preciso escrever e preciso que vejas. Ou pelo menos, acreditar que verás, aqui, onde ninguém desconfia, onde sabes que sempre existiremos. Preciso desabar, desabafar, reclamar, questionar...

Quem diria que voltaríamos ao silêncio... aquele enorme silêncio que permitiu que a vida seguisse sem que seguíssemos os passos um do outro. Aquele que criou um abismo entre nós, mas que claramente bastou um olhar pra esquecer que todos aqueles anos passaram... mas desta vez é diferente. Sim. Eu sei. Eu aceitei isso. Só não consigo aceitar que tenhamos prometido que não voltaria a acontecer... e lá está outra vez o silêncio ensurdecedor da tua ausência. 

Onde estás? Estás bem? Quais sãos agora os planos? Estás feliz? Como está o trabalho? Como está o teu coração? Qual é a nova música que não te sai da cabeça? Viste as notícias? Andas a comer? Tens dormido? Conseguiste ver todas as séries que estavas a ver? Como estás? Estás feliz?

Eram estas e muitas mais, as perguntas às quais queria resposta. Só porque mesmo que não queira, mesmo que não deva, mesmo que tu não queiras, meu Deus, como me preocupo contigo e como desejo que estejas bem. E lamento se continuo a acreditar que existe um fio vermelho invisível que nos liga, e que os meus sonhos e a minha intuição me diga que não estás bem e que de um momento pro outro, voltes a minha memória pelas coisas mais insignificantes que possas pensar. Ainda hoje, a pouco, com o arroz. Não. Não quero resgatar passado nenhum. Quero resgatar o meu melhor amigo, aquele que sabe tudo e nada de mim, aquele que sabe que me pode contar os seus segredos, aquele que sabe que serei feliz apenas porque ele está feliz. Será tão difícil perceberes isso? Que sempre foste mais que o meu grande amor? E eu disse-te tantas vezes...

Já não me dói o nosso fim, querendo ou não, era inevitável, e talvez apenas não tivéssemos de ser felizes para sempre, mas sim eternos nas nossas memórias. O que me dói agora é não poder partilhar contigo as tristezas e as alegrias, e não poder ouvir a tua voz a dizer que estás bem ou a rir porque encontraste alguém. E não te ouvir a cantarolar aquela musica ou saber que tens conseguido tudo o que querias.

Ainda somos amigos ou e só algo da minha imaginação? Será que em algum momento do teu dia te lembras de como eu posso estar? Como conseguistes desligar os botões todos? Será que alguma vez foi real? Quase que consigo imaginar tu a dizeres: “olha o drama”... Talvez tenhas razão e isto é só estupido da minha parte. Ridículo até! Como seria possível depois de tanto tempo, tanta história, tanto amor e dor continuarmos amigos? Às vezes sinto que o mundo e demasiado grande para mim e que o único fio condutor entre a terra e eu eras tu, porque realmente foste a maior das minhas certezas e agora fazes parte de todas as minhas incertezas. Irónico. Ou não. Não sei.

Mais uma vez nem foste capaz de dizer que não queres ou não podes falar comigo... o vazio, o silêncio de ultimamente, a indefinição de sempre...