"O fim aproxima-se a passos largos. E és tu a puxá-lo para nós. Não notas, mas és. Sinto-o porque não te esforças para me fazer feliz, para me mostrares o mundo, para me dares a conhecer o novo. Não procuras mais do que aquilo em nos tornámos. Sinto-o porque o meu sorriso já não te contagia e porque ver-me chorar é agora aceitável. Já não te impacta, já não te dói cada lágrima que deixo fugir. Sinto-o porque me gritas por muito pouco e usas a tua força para me assustar demasiadas vezes. Vestes personagens que identifico nos meus maiores pesadelos. Sinto-o porque não demonstras entusiasmo, porque as horas passam sem uma chamada e porque as noites repetem a eterna monotonia. És carnal e nada mais. Sinto-o porque já não demonstras a paixão louca que trazias contigo, nem as borboletas que se espalhavam em ti. Já não te tiro o sono. Sinto-o porque me escondes verdades e me contas mentiras, porque me enumeras consecutivamente os defeitos que me caracterizam. Sou eu que digo que te amo, que repito que te quero e que te peço para vires. Sinto-o quando o momento da despedida já não dura eternidades. Sinto-o quando te vais embora e não te custa. Sinto-o na tua voz, na tua ausência e na forma particular de me amares diariamente.
O nosso fim aproxima-se a passos largos. E és tu a puxá-lo. Não notas, mas és. Antes eras uma criança apaixonada, hoje és um adulto habituado.
Estou perdida.
Inês"
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