Não sei há quanto tempo não escrevo numa folha em branco. Talvez há demasiado tempo.
A minha mãe costumava dizer que só escrevia bem quando estava deprimida. Talvez tivesse razão. Ela sabia muita coisa...
Reli o ultimo post que escrevi. Quase tudo se mantém. E já passou tanto tempo... Questiono-me se será correta esta fome de vida que tenho, esta vontade de ser e querer tudo. Tenho sempre tanta vontade de ser tanto, de querer tanto, de fazer tanto. Aquela música do Rui Veloso, Lado Lunar cabe-me como uma luva. O ser humano por si só já e insatisfeito, quer mais, sempre mais! E eu sou um ser humano! Quero voar, quero rir a gargalhada, quero borboletas nos estômago e noites em branco, quero brindes com amigos, quero dias de sol, danças na chuva e mar e amar... Mas também quero o meu espaço, a minha cama só para mim, a minha solidão e o meu silêncio, a minha voz calada a ver Tv, quero chorar, gritar, gritar, gritar....! "Toda a alma tem uma face negra", e eu também.
Talvez queira tão intensamente tudo que quando acontece não sei bem o que fazer, de que forma me devo comportar, que dizer ou fazer sem nada parecer teatro mas ao mesmo tempo real. Gosto de desafios, de gente que me desafia todos os dias, de respostas, de sangue a ferver de paixão, paixão, paixão.
Mil e uma coisas me ocorrem neste momento. Quero pegar no carro e sair por aí, mas não posso. Quero dormir e só acordar amanhã num universo paralelo ao quotidiano, mas não posso. Quero dançar, dançar, mas não posso. As vezes o céu não e o limite, o limite somos nós que não nos permitimos a loucura! Quero ser louca, quero! Não quero saber de juízos de valor, quero dizer o que quero a quem quero porque me apetece sem me preocupar com o amanhã. Mas não posso. Se metade de mim e loucura a outra metade e sanidade e realidade. Não posso.
Acho que a minha mãe tinha razão.