Consigo compreender que muita gente não me compreenda. Não amou da mesma forma que eu, não odiou da mesma forma que eu, não chorou da mesma forma que eu. Não caiu e teve de se levantar da mesma forma que eu, não perdeu o que talvez eu tenha perdido, não viveu o mesmo que eu. Não sonhou os meus sonhos nem caminhou pelos mesmos sítios que eu.
Mas há uma coisa que se chama respeito e liberdade, porque a tua e onde acaba a minha e vice versa. Querer mutilar alguém só porque os caminhos não são iguais, a forma da sentir não é igual, a dimensão das coisas não é igual, a forma de ter amado, ter sentido ou odiado não ser igual isso não. Isso não!
Não se muda o que somos nem o que carregamos conosco. Aprendemos a amar o outro e a aceitar a matéria de que é feito, mas não se muda alguém que se ama. Porque quando se ama é com tudo, é um todo. E o todo implica aquilo que não entendemos e não compreendemos e não vivemos. Mas aprendemos a aceitar.
Só nos vira as costas quem é incapaz de fazer tudo isso, quem não nos amou e aceita, quem nos vê como algo que quer mas a sua semelhança. E eu sei do que falo, porque esse erro eu já o cometi.
Quem nos ama fica, segura, ampara, ouve mesmo que não goste do que ouve. Chora conosco, por nós e por ele(a) próprio, mas fica. (re)constroi as vezes que for preciso, mostra que está ali, não apaga como se nunca tivesse acontecido, encara e enfrenta lado a lado. Mostra o outro lado. Fica!
Todos procuramos alguma coisa ou alguém, todos queremos alguma coisa ou alguém.
As nossas memórias seguiram conosco para sempre e não mudam, mesmo que a cidade mude, a estação, as pessoas, a vida. E numa vida há tantas vidas... Só temos de saber qual queremos, se tentamos ou permanecemos.
Eu luto todos os dias, uns dias mais que outros, uns dias sou realmente o que quero, outros sou o reflexo do que fui, mas luto! Estou aqui! Vivo aqui! Insisto no agora, mesmo que as vezes doa... E tu? Lutas ou apenas fazes o que está certo e o politicamente (in)correto em que acreditas?
Traumas todos temos, mas não façamos como o pó que se sacode para baixo do tapete e por magia desaparece...
Mpalma