E é tão isto que sinto... que estás tão surdo nesse teu novo mundo em que nem há lugar para os velhos amigos. E é tão disto que tenho medo, que fiques surdo durante mais não sei quantos anos, e que desta vez tenha mesmo passado toda uma vida por nós.
Que caminhos percorres agora? Que culpas carregas? Que coisas te enchem o coração? Que música não te sai da cabeça? Quais são os novos planos? É assim tão mais fácil apagar tudo e silenciar tudo? Esquecer que existiu um mundo lá fora?
Sinto-te tão perdido que nem eu sei explicar... só sei que sei. E por muito que tente viver, que tente esquecer, há dias em que há um vazio cá dentro tão grande e só me surges tu. Tu que silenciaste toda a história que poderíamos escrever paralelamente, lembras-te? Já passou mais de uma década, e estou tão cansada de te ter por aqui, sem respostas ou pontos finais. Que raio de droga é está? Que loucura ainda não diagnosticada?
Seja lá o que for que estejas aí a fazer, não te percas, não te culpes, não te escondas, não duvides do quanto és, não acredites que não chegas, não deixes de acreditar, não afastes os que são verdadeiros, não menosprezes o que sentes no fundo de ti... és tão mais do que acreditas ser.
Talvez tenha tido o privilégio, um dia, de conhecer o teu espírito, mais que ao teu corpo, talvez um dia nos tenhamos magoado mutuamente pela racionalidade que tanto nos exigem.. mas acredita. Acredita que te conheço por dentro e que talvez seja eu aquela que te aceita como és, sem julgamentos alguns e que está aqui, estará aqui, sempre e para sempre. Não fiques surdo, ouve o que no fundo sabes, não te transformes em mais uma ovelha do rebanho, mantém-te firme
Se voltares a ouvir... estarei aqui.