terça-feira, abril 23, 2019

Oi. Xau. Tudo bem?

Não, não mudei de ideias. Sei que foi o nosso fim, e contrariamente ao que aches, fomos ambos que o tornamos real, cada um à sua maneira.

Mas preciso escrever e preciso que vejas. Ou pelo menos, acreditar que verás, aqui, onde ninguém desconfia, onde sabes que sempre existiremos. Preciso desabar, desabafar, reclamar, questionar...

Quem diria que voltaríamos ao silêncio... aquele enorme silêncio que permitiu que a vida seguisse sem que seguíssemos os passos um do outro. Aquele que criou um abismo entre nós, mas que claramente bastou um olhar pra esquecer que todos aqueles anos passaram... mas desta vez é diferente. Sim. Eu sei. Eu aceitei isso. Só não consigo aceitar que tenhamos prometido que não voltaria a acontecer... e lá está outra vez o silêncio ensurdecedor da tua ausência. 

Onde estás? Estás bem? Quais sãos agora os planos? Estás feliz? Como está o trabalho? Como está o teu coração? Qual é a nova música que não te sai da cabeça? Viste as notícias? Andas a comer? Tens dormido? Conseguiste ver todas as séries que estavas a ver? Como estás? Estás feliz?

Eram estas e muitas mais, as perguntas às quais queria resposta. Só porque mesmo que não queira, mesmo que não deva, mesmo que tu não queiras, meu Deus, como me preocupo contigo e como desejo que estejas bem. E lamento se continuo a acreditar que existe um fio vermelho invisível que nos liga, e que os meus sonhos e a minha intuição me diga que não estás bem e que de um momento pro outro, voltes a minha memória pelas coisas mais insignificantes que possas pensar. Ainda hoje, a pouco, com o arroz. Não. Não quero resgatar passado nenhum. Quero resgatar o meu melhor amigo, aquele que sabe tudo e nada de mim, aquele que sabe que me pode contar os seus segredos, aquele que sabe que serei feliz apenas porque ele está feliz. Será tão difícil perceberes isso? Que sempre foste mais que o meu grande amor? E eu disse-te tantas vezes...

Já não me dói o nosso fim, querendo ou não, era inevitável, e talvez apenas não tivéssemos de ser felizes para sempre, mas sim eternos nas nossas memórias. O que me dói agora é não poder partilhar contigo as tristezas e as alegrias, e não poder ouvir a tua voz a dizer que estás bem ou a rir porque encontraste alguém. E não te ouvir a cantarolar aquela musica ou saber que tens conseguido tudo o que querias.

Ainda somos amigos ou e só algo da minha imaginação? Será que em algum momento do teu dia te lembras de como eu posso estar? Como conseguistes desligar os botões todos? Será que alguma vez foi real? Quase que consigo imaginar tu a dizeres: “olha o drama”... Talvez tenhas razão e isto é só estupido da minha parte. Ridículo até! Como seria possível depois de tanto tempo, tanta história, tanto amor e dor continuarmos amigos? Às vezes sinto que o mundo e demasiado grande para mim e que o único fio condutor entre a terra e eu eras tu, porque realmente foste a maior das minhas certezas e agora fazes parte de todas as minhas incertezas. Irónico. Ou não. Não sei.

Mais uma vez nem foste capaz de dizer que não queres ou não podes falar comigo... o vazio, o silêncio de ultimamente, a indefinição de sempre...

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