sábado, agosto 19, 2006

Cedo de mais

Assim que entrei vi-te logo. Estavas de costas mas o meu olhar parou em ti. Eras um pouco mais baixo que eu e tinhas cabelos loiros. Não te vi logo a face, mas senti-te o cheiro a tabaco e um perfume que não reconheci.
Quanto te
viraste e olhas-te para mim ao entrar, percebi, percebi eras tu. E logo eu que não acredito em amor há primeira vista, logo eu… Mas naquele instante soube que eras tu o homem da minha vida, “o tal”. Sorris-te e eu retribuo, falamos através do olhar, disse-te o meu nome em silêncio e tu disseste-me o teu. Bebias uma cola com sangria e imaginei como seria o sabor da tua boca, o cheiro da tua respiração no meu ouvido.
Estremeci. Tu também.
Fui para a pista e dancei só para ti. Tu sorrias-me com o olhar, observavas-me de longe e conseguia sentir o teu olhar a percorrer o meu corpo de alto a baixo. Quando parei e me encostei ao bar, senti-te vir, ouvi os teus passos. Ficas-te mesmo ao meu lado no bar, roças-te o teu braço no meu num gesto pensado mentalmente e senti a tua pele quente na minha que transpirava não sei se de calor se de emoção. Nada disses-te.
Olhei-te nos olhos e eram um verde, um verde com azul que eu nunca tinha
visto.
Eram lindos os teus olhos…
Amei-te desde o primeiro instante, aprendi a amar-te e tu começas-te a viver dentro de mim e partilhamos o mesmo coração durante toda aquela noite. E naquela noite tu eras o meu Romeu e eu a tua Julieta, tu o príncipe encantado e eu a Cinderella. E não havia mais ninguém para além de nós naquele bar, não havia música, só os teus olhos, não havia amigos só, o teu cheiro.
Mas acabou tudo antes de começar… alguém entrou a dizer que havia fogo e saiu tudo a correr e eu perdi-me de ti, do teu olhar e deixei de sentir o teu cheiro. Perdi-te antes de te encontrar. E tu eu sei que eras, sim tu eras “o tal”, tu era o homem da minha vida.
Conheci-te cedo demais… Perdi-te cedo demais…
E hoje imagino, reinvento-te e crio na minha cabeça como tudo poderia ter sido… E hoje sei que te amei naquela noite como nunca amei. É como naquela música do José Cid:
“É triste viver de ilusões,
mas tu foste a mais linda historia de amor
que um dia me aconteceu…”.
E volto vezes sem conta àquele bar na esperança de te encontrar, sempre em vão porque nunca te encontro. Logo tu, que eu amei tanto… E muitos me consideram louca, insana… Mas quem sabe talvez um dia, um dia nos encontraremos de novo naquele bar. E sim fui louca! É como na música:
“Fui louco, não sei, talvez
Mas por pouco, por muito pouco eu voltaria a ser louco
Amar-te-ia outra vez"





19/8/2006
Fotos daqui

1 comentário:

Hip disse...

Um dia marquei encontro contigo num sonho nostalgico, estavas igualzinho quando trocamos os primeiros beijos. Aquele teu cheiro era magia, o teu perfume ficou-me na roupa, o teu toque era suave..belo. Em tom baixinho senti a tua boca a falar com os meus ouvidos: "Sabes.. um dia chorei por nao ter tido este sonho mais cedo.. Amo-te"..

Brinquei com o teu texto escritora, espero que gostes.

Desculpa os erros *