terça-feira, outubro 17, 2006

A nossa história

O restaurante cheio de amigos. A menina dos anos de um lado para o outro e eu atrás dela. Vestias uma blusa creme com umas calças de ganga, cabelo coberto de gel sempre espetado e esses teus olhos que sorriam para toda a gente. Pouco falamos ou quase nada durante o jantar. Falas-te mais com a C. e eu, eu vi-te com "olhos de ver", que é o que a minha mãe diz quando começamos realmente a ver as coisas como elas são.
Naquela altura eras apenas um conhecido, mas aquela
noite ia mudar a minha vida...
Saimos do jantar para irmos até ao bar. Foste o caminho inteiro fazendo palhaçadas e a rir, e tu tens um sorriso tão lindo... Encontras-te um daqueles senhores marroquinos e nem sei bem como conseguis-te ficar com duas flores que vendes-te a um taxista qualquer que conhecias e a outra deste á menina dos anos. Não sei que iman tens, mas conquistas toda a gente, essa tua forma de estar fascina tudo e todos e naquela noite fascinou-me a mim...
Chegamos ao bar, sentamo-nos, bebemos qualquer coisa, na altura pouco bebias e eu também. Começamos a conversar, eu, tu e o J. rimos muito, le
mbro-me de me sentir feliz. Não sei que voltas o mundo deu mas acabamos sentado ao lado um do outro, o J. desapareceu e os outros andavam não sei onde. Eu tinha uma saia preta lembras-te? Um pouco acima do joelho, umas botas de cano alto pretas, uma blusa de licra vermelha e um casaco preto... Durante a conversa ficamos colados um ao outro, a tua mãe pousada no meu joelho e eu com medo de te olhar nos olhos e me lesses a alma.
Levaste-me a casa e para mim a noite começou quando saimos do bar. Iamos os três, eu, tu e o J. a tremer de frio por todos os lados. Fomos de mãos dadas lembras-te? Não sei porque, não sei como. Sei que demos as mãos e fomos... Mo
strei-te onde morava e ficamos um pouco a conversar na porta, os três, na altura ainda o J. não estava a fingir estar ao telefone só para nos deixar sozinhos e eu ainda não sabia que beijavas tão bem.
Naquela noite as coisas aconteceram como por mag
ia... Simplesmente aconteciam e nós deixavamos, nós queriamos. Quando nos despedimos, nem encontro palavras, quando nos despedimos e os nossos olhares se cruzaram, as nossas bocas acabaram coladas, não foste tu, não fui eu, fomos nós.
Foi o melhor beijo, foi aquele beijo especial que recebes uma duas vezes na tua vida. Não sei quanto tempo durou, mas sei que foi muito. Tu tremias muito e agarravas-me a cara com uma mão e a anca com outra. Não falamos. apenas nos beijamos durante muito tempo. Lembro-me de nos rirmos da conversa do J. de a minha argola cair e de a apanhares e de nos beijarmos de novo. O mundo desapareceu e era só ali naquela hora o nosso beijo que importava. Foi tudo perfeito. Mágico e perfeiro seriam as palavras corre
ctas.
Não falamos do assunto, ficamos sem saber o que fazer depois, disseste-me "Adeus" e eu retribui, subi as escadas de casa com a cabeça nas nuves e o coração aos saltos.
Ainda te lembras daquela noite? Eu lembro-me como se fosse hoje...
Foi a partir dessa noite que me entras-te no coração, no corpo e na alma. Te ocupas-te de todo o meu ser e foste crescendo dentro de mim. Mas tudo continuou perfeito, as tuas alcunhas pra mim, as mãos dadas debaixo da messa, os beijinhos ao canto da boca, os olhares que se cruzavam! E lembras-te do filmes? Daquele filme
onde a Pat nos filmou e disse que ali tava eu com o homem da minha vida? E tu és o homem da minha vida... Desde aquela noite que és e eu só descobri depois quando te perdi...
E este ano vou estar sem ti, vou estar sem o teu beij
o e doi relembrar e saber que tudo acabou e que não posso mais inventar uma desculpa para vires ter comigo ao café se nem perto de mim já estás. Já não vou poder olhar-te nos olhos e não ter medo que me leias a alma se me conheces tão bem.... E sinto-te a falta todos os dias, como no dia em que chegei a casa depois daquele beijo e percebi que a nossa hitória tinha começado ali e me arependi de nunca ter olhado para trás, correr para ti e dizer-te naquele momento que tudo o que queria era ficar assim pra sempre. Porque o teu beijo disse-me mais que qualquer palavra alguma vez possa dizer...

E passado três anos, ainda te amo, assim como por mágia...

2 comentários:

Anónimo disse...

amei mesmo o texto todo..
e é incrivel como amamos quem nao temos, quem por vezes nao vemos,
e é incrivel quando parece que amamos ainda mais quando perdemos, porque simplesmente tudo ganha uma dimensao maior e as saudades parecem consumir cada bocadinho de nós..
que sentimento confuso é o amor, que cresce desmedidamente mesmo quando nao é correspondido, que nos deixa com a alma partida e o olhar vazio, que nos faz ter medo e ao mesmo tempo querer tanto arriscar..
mas de que nos serve amar quem nao temos? quem ja nao temos e ja nao podemos voltar a ter, porque o mundo da voltas demais e gosta de brincar connosco, mesmo quando nós ja perdemos o sentido de humor..
a vida é complicada, mais do que aquilo que devia e como nao controlamos o coraçao, resta-nos amar e esperar que o tempo tudo resolva.. porque apesar de tudo, o que tiver que ser nosso será..

Anónimo disse...

Há amores que nasceram para ficar. O teu, o meu e o de muitas outras pessoas, com certeza. Mas se ele não desaparece, deixa-o simplesmente ficar. E aprende a viver com ele (eu também ainda não aprendi, mas vou tentando...) como se de uma carta se tratasse, a carta que contém toda a história, e que guardas numa gaveta. Sabes que está lá, mas se não a abrires... (= Beijinho *