4 da manhã. Um calor imenso. Um céu cheio de estrelas e uma lua do tamanho do mundo, redonda, cheia.
Não se ouvia nada. Nem carros, nem pássaros, nem pessoas, nem música. Absolutamente nada.
As ruas estavam desertas. Parecia que o mundo tinha parado e ninguém a tinha avisado. Andou, andou, andou... Sentou-se naquele banco perto do jardim e ficou ali a ver se alguém passava. Mas nada.. nem alma.
Adormeceu.
Acordou com o barulho ensudecedor de carros, pássaros, cães que ladravam, passos apresandos de pessoas, conversas paralelas. Abriu os olhos e sentou-se na esperança de alguém a ver, de alguém lhe falar.
Todos continuaram na sua vida, ninguem lhe falou, ninguem lhe olhou. Tentou por-se no meio da rua a ver se algum carro parava. Insólito! Os carros fitavam-na, passavam-lhe ao lado, as pessoas desviavam-se do seu caminho.
Não tinha ninguem com quem falar nem sitio onde se abrigar. Não tinha nada, apenas a solidão enraizada no seu coração, na pele, no cheiro na alma!
Voltou para casa. Inventou uma vida, um grupo de amigos, um sorriso, uma voz e tentou ser alguém. Inventou uma história, um namorado...
Nada resultou... Continuava a ser ignorada, a ser fitada pelas pessoas. E por isso todos os dias que acordava inventava uma pessoa diferente, um riso diferente, um namorado diferente. Inventava tudo menos amigos diferentes, porque nunca os tinha tido, não sabia como deveriam ser.
E inventado tudo, curiosamente tudo foi mais facil...